segunda-feira, julho 24, 2006

 

Piropos da minha Terra!

O mundo rural é visto por muitos como muito mais rude e abrutalhado quando comparado com o mundo urbano, nomeadamente na forma como as pessoas falam e se relacionam. Eu, pelo meu lado, considero que são simplesmente diferentes.
No mundo rural, por se estar mais perto da natureza e da vida do campo, desde os fenómenos mais raros, até aos acontecimentos mais comuns, tendem a encontrar paralelo nas experiências do quotidiano. O conhecimento desenvolve-se por comparação, com aquilo que se conhece, através de um processo de aproximação sistemático. Este, às vezes, encontra formas rudimentares mas de uma genuinidade incomparável.
Toda esta “lenga-lenga” a propósito da minha recente visita às “berças”, onde se trocam os “b’s” pelos “v’s”. Escutei uns ditos que me fizeram lembrar uns outros que me deliciava a recolher quando vivia na “terra”, antes de me ter tornado um urbano depressivo. As notícias das freguesias, publicadas nos jornais locais eram as minhas favoritas. Para terem uma ideia do que falo, cito apenas duas de memória: «O Senhor Manuel Joaquim comprou um boi de cobrição, parabéns à sua nova indústria» ou ainda, «…a peste suína tem atacado entre nós, a última vítima foi o Senhor José Fernandes…»
Mas não era só a ler e a recortar que me divertia, era também a registar as frases, as expressões de figuras típicas, fosse pelo lado pitoresco ou pela sabedoria popular enraizada que transmitiam.
O fim-de-semana passado, de regresso às origens, enquanto passeava num jardim público, passou uma miúda, daquelas cheias de atributos, a que em Lisboa se apelidaria de “avião” quando ouvi: «Parece um helicóptero!»
Não percebi o alcance daquele piropo (como diriam os meus amigos”viraste um Lisboa!”), o que ele queria dizer com aquilo mas perante o meu ar incrédulo, ele prontamente explicou: «…então não vê? Um helicóptero… gira e “boua”!»
Perante aquela subtil delicadeza, recordei-me de um outro que ouvi há muitos anos, ainda miúdo e que não mais me esqueci, o verdadeiro piropo de salão…da tasca da minha terra: «Ai filha, ai se eu fosse lavrador e me apanhasse nesses lameiros, alfaias no ar…e aquilo é que era lavrar!»
Nesta altura do ano, estes são saberes que devem ser partilhados, nunca sabe quem deles precisará, porque perante piropos destes, uma coisa é certa… não há mulher que lhes resista! Ah…poiZé!

Comments:
Báááííí majé gúrdar ovelhas pá sééérra!!!
 
Um dos melhores, selecionado directamente do blog dos fotocópias: Ó morcona, comia-te o sufixo todo!!

Qualidade...
 
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